STREETLIGHTS.PT
Helena Amante Oliveira
22 de Outubro de 2011
Na senda da candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, Helena Amante Oliveira, responsável pelas áreas de Branding e Design da Shoes Closet, empresa de sucesso no sector do calçado português, fala-nos um pouco sobre o seu trabalho e como as nossas tradições são uma mais-valia na construção de uma identidade nacional no Design.
StreetLights.pt (SL): Qual o objetivo da Shoes Closet em lançar uma coleção inspirada no tema Bright Fado?
Helena Amante Oliveira (HAO): A concretização desta coleção resulta de um longo namoro com o fado, e também como forma de o homenagear, enquanto forma de arte, cultura e inspiração. Seduz-nos a perspectiva de poder explorar o fado numa dimensão pouco usual e de alguma forma contribuir para o seu património.
SL: Dentro do Fado, alguma voz ou temática, em particular, vos inspirou na produção desta coleção?
HAO: Fomos muito inspirados por esta nova geração de fadistas, pelas novas formas de criar e reinterpretar o fado. Há uma contemporaneidade e frescura interessantíssimas nas novas abordagens que estão a surgir, explorando um lado mais cosmopolita do fado, sem descurar um grande respeito pela herança.
SL: Para uma marca que se encontra num processo de expansão para os mercados exteriores, como a Itália, optar por um tema tão português é uma atitude arriscada?
HAO: Sinceramente, acreditamos que não, pelo contrário. Ao trabalharmos algo que tem tanto a ver com a nossa identidade, creio que conseguimos uma profundidade que de outra forma talvez não alcançássemos. Penso que a genuinidade é perceptível e que as pessoas se identificam, senão pelo aspeto cultural, pela dimensão humana. E para além de tudo mais, o Fado está cada vez aberto para o mundo e tem cada vez mais adeptos fora de portas.
SL: Sendo esta uma marca jovem, qual é a relevância do surgimento de sapatos desta gama na Vogue Accessory, suplemento de acessórios da Vogue italiana? Quais têm sido as reações?
HAO: É algo que nos deixa muito satisfeitos e que sentimos que vem reforçar a nossa aposta. As reações tem sido bastante positivas e temos sentido muito apoio e carinho face a esta iniciativa.
SL: Estamos atualmente em pulgas para conhecer o resultado da candidatura do Fado a Património Cultural Imaterial da Humanidade, à UNESCO. No caso de o resultado ser positivo, a Shoes Closet tem alguma iniciativa promocional da temática Bright Fado planeada e que possas partilhar com os seguidores do StreetLights.pt?
HAO: Sim, claro! Temos já uma edição limitada planeada, assim como algumas iniciativas de divulgação. Mas gostaríamos de manter segredo até mais perto da data...
SL: Qual é a tua opinião sobre a relação que atualmente os portugueses mantém com a sua música de raiz, quer o Fado quer todos os outros ritmos folclóricos? Achas que lhes é dado o devido valor ou ainda são territórios por descobrir?
HAO: Penso que estamos actualmente num vivo processo de valorização e reinvenção das nossas raízes, mas ainda existe bastante por fazer. No entanto, confio sinceramente que existem neste momento muitas pessoas cheias de valor que batalham nesse sentido e que estão a desenvolver ideias e projectos muito interessantes, que certamente darão frutos.
SL: Para terminar, e aproveitando a questão anterior, consideras que as raízes portuguesas, neste caso a música, são uma área fértil para o design?
HAO: Acredito que somos inspirados por tudo o que nos rodeia e, sendo a nossa cultura tão rica e diversificada, priveligiada pela confluência dos povos ao longo dos tempos, existe sem dúvida muito que explorar. Nós certamente continuaremos a inspirar-nos nas nossas raízes!
Modelo da linha Bright Fado, Outono/Inverno 2011/2012
Flyer da linha Bright Fado, com ilustração de Tiago Loureiro, Outono/Inverno 2011/2012
Pormenor do modelo da linha Bright Fado, Outono/Inverno 2011/2012
Modelo da linha Bright Fado. Ao lado a Vogue Accessory aberta nas páginas do editorial da Appicaps para a revista, no qual a encontramos a manequim com o mesmo modelo calçado, Outono/Inverno 2011/2012