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Ecofriendly: Mónica Águas e Rúben Damásio

3 de Abril de 2012

 

Mónica Águas e Rúben Damásio são dois jovens estudantes de Design de Moda no MODATEX e venceram recentemente o concurso Ecofriendly da ANJE. O seu trabalho esteve exposto na Alfândega do Porto, no âmbito do Portugal Fashion, e foi o mote para esta conversa sobre os seus projetos, sobre a cortiça e o seu papel no design sustentável.

StreetLights.pt (SL): Os jovens estudantes de design de moda em Portugal são bastante pró-ativos e costumam participar em vários concursos de diversas áreas. Ambos participam regularmente em concursos deste género ou foi a primeira vez? Como tiveram conhecimento?


Mónica Águas e Rúben Damásio (MR): É sempre importante participarmos  pois é uma forma de darmos a conhecer o nosso trabalho. O concurso Ecofriendly foi a primeira vez. Quando iniciamos este projeto, achamos que seria o mais adequado para testar a nossa ideia de malha de cortiça, visto que o tema está relacionado com a questão Eco, Bio e sustentável. Somos da opinião de que este tipo de concursos dão-nos uma ótima preparação para entrar no mercado de trabalho e para pôr em prática a nossa criatividade.

 

SL: Venceram o concurso com uma peça cujo foco principal reside num dos materiais utilizados: a cortiça. Porquê esta escolha?


MR: Antes de termos conhecimento do concurso, já tínhamos selecionado esta matéria-prima como sendo o nosso objetivo de trabalho, explorando o comportamento da mesma em malha.

SL: Certamente que o concurso exigiu a passagem por diversas etapas. Falem-nos um pouco sobre as fases do concurso.


MR: O concurso propunha-nos que executássemos uma coleção de três coordenados com materiais sustentáveis, e quando tivemos conhecimento achamos que seria o indicado para testar a aceitação da cortiça em malha. Começamos por criar uma mini coleção para nos candidatarmos ao concurso, depois de o júri analisar os 50 projetos a concurso escolheu 3 projetos finalistas, dos quais um era o nosso. A fase seguinte era a confeção do coordenado para ser escolhido o primeiro, segundo e terceiro lugar.



SL: O facto de a cortiça ser um produto maioritariamente direcionado para a exportação pesou na vossa escolha?



MR: De certa forma sim, mas de uma maneira inconsciente, pois só demos relevância a isso depois de estarmos no dito "mercado da cortiça". O elemento fulcral do surgimento da cortiça [na coleção] foi sem dúvida o seu aspeto orgânico e a inovação de usar a matéria-prima como malha.

 

SL: Este é um material já muito usado por vários designers. O que traz o vosso coordenado de novo? E a recetividade foi positiva?



MR: Partilhamos da opinião que a criatividade é a nossa melhor "arma". O facto de um material já ter sido utilizado inúmeras vezes não nos limita de o explorar de maneiras diferentes, através de novas técnicas, estamparia, corte, inúmeras possibilidades e foi isso que aconteceu, partindo da cortiça para fazer algo novo, visto que até agora não ouve nada que se pudesse chamar verdadeiramente inovador, a não ser realmente o aspeto da cortiça, pois sendo um material local e tão nobre necessita de uma maior preocupação a nível de design. Quanto à recetividade não poderia ter sido melhor e o feedback excelente.



SL: A ecologia e a sustentabilidade são conceitos que foram integrados no pensamento dos designers nos anos 80, mas só recentemente o Design de Moda acordou para estas problemáticas. Consideram que em Portugal os designers investem o suficiente nesta tendência?


MR: Achamos que ainda há uma inconsciência da parte dos designers quanto a esse aspeto. Esta é uma área que envolve timings apertados e orçamentos limitados, como tal é fácil a escolha de um tecido barato que obtenha o aspeto desejado e não a procura de um tecido ou matéria-prima ecológico, embora já se vejam marcas ou designers que têm em conta os materiais ecológicos.



SL: Têm traçados mais projetos para um futuro próximo? Algum deles relaciona-se com este material cortiça?



MR: Este concurso foi apenas um ponto de partida para vermos qual era a recetividade do público, e como já esperávamos foi muito bem aceite e queremos continuar a desenvolver a ideia com a cortiça, claramente, e melhorar o conceito da mesma. Por agora, o nosso objetivo é de comercializar as peças.



E assim terminamos esta entrevista, com a promessa de que continuaremos a seguir o trabalho destes jovens designers, sempre que nos for possível. Para mais informações sobre o concurso e sobre os restante classificados consultem o seguinte artigo na página oficial da ANJE.

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